domingo, 14 de agosto de 2016

Obrigado por tudo meu mestre

Pai,
Palavra mágica. Assim como “mãe” tem apenas 3 letras. Palavras curtas com tamanha importância e grandiosidade.

Pai,
Por definição, no dicionário, aquele que tem 1 ou mais filhos. O gerador, genitor, cuidador, benfeitor.
Mas pai pode ter filhos e não ser pai. Pode ser o genitor e nem conhecer seus descendentes. Pode conviver com seus filhos e ser um carrasco e agressor.
Pai,
Não é aquele que dá o direito de um sobrenome no documento de identidade. Não é aquele que simplesmente paga a pensão de filhos para cumprir obrigações. Nem tampouco aquele que dá dinheiro para comprar atenção ou substitui afeto.
Os dicionários pecam em suas definições quando se limitam às regras gramaticais ou semânticas. Não conseguem palpar as regras fundamentais de nossa existência: sentimentos e emoções.
Pai,
Afeto, dedicação, carinho, companheirismo, cumplicidade, confiança, amor.
Aquele que fala de seus filhos com a boca cheia de orgulho. Abraça e beija, mas também sabe o momento de ensinar e corrigir, porque quer proteger e o melhor para seus filhos.
Não perde a paciência para responder aos intermináveis questionamentos e dúvidas de seus pequeninos.
É aquele no qual você se espelha, mesmo sem perceber, imitando seus gestos e comportamentos, porque você o admira (mesmo que não saiba).
Naturalmente, as características de um verdadeiro pai também cabem a uma boa mãe. Mas cada um tem seu papel e importância diante de seus filhos.
Ainda sou daquele tempo em que se trata os pais com distinção, chamando-os de “senhor” e pedindo bênçãos.
Nada contra quem chama os pais de “você” ou chama pelo nome próprio. Mas guardo dentro de mim o aprendizado de minha infância: “ Sempre trate os mais velhos e experientes com respeito e educação”.
Sim, para qualquer criança os pais parecerão muito mais velhos (mesmo que nem tenham chegado aos 30 anos de idade).
Meu pai,
Lembro-me de alguns detalhes de minha infância. Porém, uma lembrança muito marcante é que nunca aceitei que qualquer pessoa de ti mal falasse. Lembro-me, como se hoje fosse, aquele dia que em casa cheguei chorando porque um garoto da escola o havia xingado.
- não, não!! Meu pai? Ninguém poderia falar daquela forma de meu herói. Quebrava meu coração.
Claro, lembro-me também de nossos estudos quando estava no ginásio e o senhor me ensinava conjugar os verbos da língua portuguesa (minha nota na prova, claro, foi fantástica), assim como os estudos de História, tão bem narrados de forma ilustrativa e simples compreensão, através de seu conhecimento.
Lembro de seu entusiasmo ouvindo atentamente sobre minhas descobertas na faculdade. Lembro-me de minha formatura. Guardo a imagem de sua emoção, com olhos úmidos e brilhantes.
Enfim, são tantas lembranças que vão surgindo neste instante.
Hoje adulto sei que o senhor não é perfeito, mas ninguém o é. Todos temos fraquezas e falhas. Mas também sei de seu valor como pai maravilhoso.
Hoje, invertemos os papéis. Sou eu que te cuido, converso, instruo e até dou broncas. Mas porque o quero bem.
Hoje fico preocupado e triste se não o vejo com a saúde tão perfeita.
Hoje sou eu que converso com Deus (nosso Pai Maior) e peço que te cuide.
Porque quando os pais envelhecem e sua saúde demonstra o passar dos anos, dói aos nossos olhos notar a fragilidade e vulnerabilidade.
Por isso, quando chegamos a esse momento da vida é comum a inversão dos papéis.
A dedicação, o afeto e amor permanecem no mesmo pai – filhos. Mas agora é nossa vez de assumir os cuidados.
A vida é assim. Filhos tornam-se pais, que um dia acabarão por se tornar filhos de seus filhos.
Hoje sei muito bem o que um pai sente por filho e, claro, tento me inspirar no papel de um verdadeiro pai.
Sei que não sou um herói, mas quero deixar ao meu filho lembranças de um grande pai.
Ao meu filho, como pai, deixo um grande beijo.
Ao meu pai, como filho, deixo um beijo com muito carinho.
Obrigado por tudo meu Mestre.




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