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domingo, 26 de setembro de 2010

Velhos Tempos

Tudo muda....

Houve um tempo em que se pedia “a benção” aos pais quando se acordava pela manhã ou se deitava para dormir, assim como antes de sair de casa.

Hoje os filhos nem sabem o que significa pedir “a benção”,

Afinal mal falam bom dia ou boa noite. E para sair de casa nem precisam falar aonde vão.

Um filho, nesse tempo, referia-se aos pais ou pessoas mais velhas como “Sr” e “Sra”.

Hoje os filhos se referem aos pais ou pessoas mais velhas como “Você”,

Afinal nem sabem o significado de um pronome de tratamento respeitoso.

Houve um tempo que não se falava enquanto adultos estivessem falando.

Hoje os filhos falam enquanto os pais se obrigam a ficar quietos,

Afinal nem sabem o que é ouvir.

Os filhos, certamente, compreendiam o olhar recriminador de seus pais.

Hoje se um pai lança um olhar recriminador ao filho,

Passará despercebido ou ouvirá: “que cara feia é essa, velho?”

Houve um tempo em que um filho pedia, por favor, ou “eu posso?”

Hoje um filho não pede, por favor, e nem se utiliza da gentileza,

Afinal ele acha que tudo pode.

Houve tempo em que os filhos sabiam ouvir o “Não”.

Hoje uma criança não pode ouvir a palavra “Não”,

Afinal contraria todos os seus desejos imediatistas.

E nesse tempo uma criança que ia à escola respeitava o professor.

Hoje os professores têm medo dos alunos,

Afinal podem ser agredidos física ou verbalmente.

Era mesmo um tempo em que as crianças respeitavam pessoas mais velhas.

Os pais educavam os filhos teimosos também “dando umas palmadas”, quando fosse necessário.

Hoje os pais não conseguem educar os filhos,

Afinal se houver a necessidade de “dar umas palmadas” podem ser denunciados por agressão pelo próprio filho. E o Estado nesse momento lhe dá todo apoio ( ao filho obviamente ).

Era tempo de músicas que falavam de amor e romantismo.

Hoje as músicas falam de sexo e drogas,

Afinal é o que as crianças precisam aprender.

Houve aquele tempo em que se aprendia o que era correto ou moral.

Hoje uma criança tem grande dificuldade em distinguir o correto do contrário,

Afinal vive em um tempo amoral.

Uma criança atrevida, indisciplinada era criticada e mal vista por todos. Era uma criança chamada malcriada.

Hoje a criança não é malcriada. Ela está “passando por alguma dificuldade emocional”.

Naquele tempo as crianças sofriam punições por sua desobediência.

Hoje a criança “desobediente” tem mãos acariciando sua cabeça. Pode até estuprar ou matar, mas a lei o protege.


Tudo mudou...



Então, o que mudou?

O que podemos esperar dessas crianças que um dia terão filhos?

Não sabem mais o valor das coisas. Nem se importam.

Não acham que o mundo deva ter regras morais. Agem com seus impulsos.

Tudo muda...para pior ou melhor, mas muda.


E você, o que deseja para seus filhos?




segunda-feira, 12 de julho de 2010

O mundo é meu

Acostumei-me, desde criança, a receber tudo que desejava.

Ninguém me falava “Não”. Ninguém me contrariava.

Era a filhinha do papai, a netinha do vovô, a sobrinha da titia.

Ahhh, como era bom!

Agora, vivo insatisfeita, frustrada, deprimida.

Tudo porque meu marido não faz minhas vontades.

Eu acho que ele está errado. Por isso brigo muito com ele.

Estou muito insatisfeita. Não entendo o que há de errado.

Será que não posso ser o centro das atenções sempre?

Porque o mundo é assim?

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Quando nasci, já tinha um “berço de ouro”.

Cresci cercado de brinquedos inúmeros. Alguns nem tirei da embalagem.

Na adolescência já estava tão enjoado dos paparicos, que resolvi inovar.

Comecei usar drogas para ver qual era o barato. Queria ver se conseguia sentir uma emoção diferente.

Ainda não era a viagem que faltava fazer.

Fiz, então, meu primeiro assalto. Nem era pelo dinheiro.

Não nego. Consegui um pouco da adrenalina que buscava.

Enfim, cheguei ao apogeu. Estuprei, seqüestrei, matei.

E agora?

 O mundo é meu.



O que há de coincidências nestas duas histórias?

quarta-feira, 24 de junho de 2009

NÃO - pequena palavra com grande poder



Você costuma dizer "não" aos seus filhos?



Considera fácil negar alguma coisa a essas criaturinhas encantadoras e de rostos angelicais que pedem com tanta doçura? Não é fácil dizer não aos filhos, principalmente quando temos os recursos para atendê-los. Afinal, nos perguntamos, o que representa um carrinho a mais, um brinquedo novo se temos dinheiro necessário para comprar o que querem? Por que não satisfazê-los? Se podemos sair de casa escondidos para evitar que chorem, por que provocar lágrimas? Se lhe dá tanto prazer comer todos os bombons da caixa, por que fazê-lo pensar nos outros? E, além do mais, é tão fácil e mais agradável sermos "bonzinhos"... O problema é que ser pais é muito mais que apenas ser "bonzinho" com os filhos. Ser pais é ter uma função e responsabilidade sociais perante os filhos e perante a sociedade em que vivemos. Portanto, quando decidimos negar um carrinho a um filho, mesmo podendo comprar, ou sofrendo por lhe dizer "não", porque ele já tem outros dez ou vinte, estamos ensinando-o que existe um limite para o ter. Estamos, indiretamente, valorizando o ser.
Mas quando atendemos a todos os pedidos, estamos dando lições de dominação, colaborando para que a criança aprenda, com nosso próprio exemplo, o que queremos que ela seja na vida: uma pessoa que não aceita limites e que não respeita o outro enquanto indivíduo. Temos que convir que, para ter tudo na vida, quando adulto, ele fatalmente terá que ser extremamente competitivo e provavelmente com muita "flexibilidade" ética, para não dizer desonesto. Caso contrário, como conseguir tudo? Como aceitar qualquer derrota, qualquer "não" se nunca lhe fizeram crer que isso é possível e até normal?
Não se defende a idéia de que se crie um ser acomodado sem ambições e derrotista. De forma alguma. É o equilíbrio que precisa existir: o reconhecimento realista de que, na vida às vezes se ganha, e, em outras, se perde. Para fazer com que um indivíduo seja um lutador, um ganhador, é preciso que desde logo ele aprenda a lutar pelo que deseja sim, mas com suas próprias armas e recursos, e não fazendo-o acreditar que alguém lhe dará tudo, sempre, e de "mão beijada". Satisfazer as necessidades dos filhos é uma obrigação dos pais, mas é preciso distinguir claramente o que são necessidades do que é apenas consumismo caprichoso. Estabelecer limites para os filhos, é necessário e saudável. Nunca se ouviu falar que crianças tenham adoecido porque lhes foi negado um brinquedo novo ou outra coisa qualquer. Mas já se teve notícias de pequenos delinqüentes que se tornaram agressivos quando ouviram o primeiro não, fora de casa. Por essa razão, se você ama seu filho, vale a pena pensar na importância de aprender a difícil arte de dizer não. Vale a pena pensar na importância de educar e preparar os filhos para enfrentar tempos difíceis, mesmo que eles nunca cheguem.
O esforço pela educação não pode ser desconsiderado.
Todos temos responsabilidades no contexto da vida, nas realizações humanas, nas atividades sociais.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Filhos: propriedade privada?



Duas notícias ligadas à educação escolar dos filhos chamaram atenção há um tempo. Na primeira, foi divulgado que um casal respondia a dois processos na justiça por praticar com os filhos o método chamado "escola em casa", conhecido em vários países, principalmente nos EUA, mas proibido no Brasil. A segunda informou que um garoto de apenas oito anos passou no vestibular de um curso universitário.
Em ambos os casos, os pais lutam pelo que consideram um direito. Os primeiros querem continuar com a educação escolar dos filhos em casa, já que, do ponto de vista deles, o resultado tem sido excelente. O que eles consideram prova disso é o fato de os filhos de 13 e 14 anos terem sido aprovados em exame vestibular com excelente classificação. Os segundos lutam para que o filho possa freqüentar o curso em que foi aprovado, situação negada pela instituição universitária.
A primeira questão que essas notícias levantam é sobre a função da escola. Pelo jeito, os pais não estão muito confiantes em delegar a essa instituição a educação dos filhos. Aliás, parece mesmo que o trabalho da escola ficou reduzido ao ensino do conhecimento necessário para ser aprovado no vestibular, e alguns pais acreditam que fazem isso melhor do que a escola. Mas será só isso o que a escola deve proporcionar?
A criança deve freqüentar a escola por vários motivos. Um deles é que ela precisa, para se tornar um sujeito livre e autônomo, libertar-se da família. A ligação amorosa entre pais e filhos precisa terminar em separação para ser considerada exitosa, e a escola é a instituição que faz melhor a transição da família para o mundo, como diz de maneira especialmente feliz a pensadora Hannah Arendt.
Deixar de pertencer só a um mundo em que as relações se originam na rede privada de convivência e passar a integrar um grupo maior, diverso e impessoal faz parte do aprendizado da cidadania. Respeito, justiça e solidariedade são valores que se aprendem na escola.
Em seu livro "O Valor de Educar", Fernando Savater afirma: "O sistema democrático tem de se ocupar do ensino obrigatório dos neófitos para assegurar a continuidade e a viabilidade de suas liberdades; isto é, por instinto de conservação. Educamos em defesa própria. Seus pais queiram ou não? Pois sim, queiram ou não. Os filhos não são propriedades dos pais, nem simples objetos para que estes satisfaçam suas veleidades, por mais amorosas que sejam, ou realizem experiências irrestritas... A criança vai à escola para se pôr em contato com o saber de sua época, não para ver confirmadas as opiniões de sua família".
A citação nos leva ao segundo ponto que as notícias levantam: muitos pais têm educado os filhos como se fossem sua propriedade. Não são: eles são os representantes de nosso futuro e dizem respeito a todos nós. Estamos todos implicados com fatos que levam crianças a serem impedidas de viver a infância até o fim e com atitudes que buscam evitar que elas enfrentem as dificuldades, os aprendizados e as frustrações que a vida escolar impõe.